sexta-feira, 6 de março de 2020

SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: PRINCIPAIS TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO



SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: PRINCIPAIS TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA EDUCAÇÃO

HELFAS SAMUEL-Licenciado em Ensino Básico com Habilitações em Supervisão e Inspecção Escolar-Universidade Pedagógica-Gaza
Contactos: 842849771/863498270)
Facebock: Helfas Samuel. Pagina: A Escola é uma Paciência









/FREELANCER DE CONTEUDO/

1.Introdução

O presente trabalho de pesquisa surge na cadeira de Sociologia de Educação no âmbito de apresentação de trabalhos em grupo, para fins de avaliação em grupo.
Deste modo o trabalho em destaque tem como tema: “Sociologia da Educação: Principais teorias sociológicas da educação, o mesmo apresenta os  seguintes itens: introdução, objectivos, metodologia, contextualização das teorias sociológicas da educação, caracterização da escola sociológica francesa e América.
Para a materialização do presente trabalho cingiu-se em método de consulta bibliográfica que consistiu na leitura e interpretação de diferentes obras que abordam sobre a temática ligada a Principais teorias sociológicas da educação especificamente a escola francesa, americana e o interacionismo.













1.1.Objectivos

1.1.1.Objectivo geral
·         Compreender escola sociológica francesa e América;

1.1.2.Objectivos específicos

·         Caracterizar a escola sociológica francesa e América;
·         Definir alguns conceitos chaves;

1.2.Metodologia

Para a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que possuímos, iremos usar a pesquisa bibliográfica, onde vamos trazer interpretações sólidas e fundamentadas por diferentes autores de destaque que debruçaram-se sobre o tema em alusão e também recorremos a pesquisa documental, para recolher informações em diversos relatórios, monografias e teses de doutoramento.












2.Referêncial Teórico

2.1.Conceitos

Para Rodrigues (2004:22) apud  Durkheim, a sociologia é o estudo dos fatos sociais e estes que são justamente aqueles modos de agir que exercem sobre o indivíduo uma coerção exterior e que apresentam uma existência própria, independente das manifestações individuais que possam ter.
Segundo Rodrigues (2004) sociologia é uma ciência que estuda o comportamento humano, os meios de comunicação em função do meio e os processos que interligam o indivíduo em associações, grupos e instituições. Ela estuda os fenómenos que ocorrem quando vários indivíduos se encontram em grupos de tamanhos diversos, e interagem no seu interior.
Na óptica de Coulson et all (1979:123) a sociologia da educação é uma ciência produtora de conhecimentos específicos que levam a discussão da discussão e do papel do ensino, promovendo uma reflexão sobre a sociedade e seus problemas relacionados à educação. Seu papel é investigar a escola enquanto instituição social, analisando os processos sociais envolvidos, todas as mudanças ocorridas em nossa sociedade, trouxeram mudanças para a educação.
Segundo Parsons (1959), referindo-se à escola, à medida que o jovem se desenvolve, uma parte cada vez mais importante de sua socialização é levada a cabo por uma instituição que lhe oferece a representação em modelo reduzido da sociedade adulta.
Na optica de Herpin (1982:101) Uma escola sociológica é uma equipa de investigadores  a palavra “equipa” está entendida no sentido goffmaniano (team) – que, embora não seguindo um plano pré-determinado, desenvolve trabalhos convergentes. Ora esta convergência não é “intencional”: não existe ninguém – o chefe da escola – que saiba para onde vai toda a gente. A convergência é, tal como o EU de que falamos mais atrás, um efeito colectivo. E tenta-se explicitar em que consiste o “consenso efectivo”, na origem desta convergência, encontra-se um composto instável, a que chamamos uma problemática”

2.2.Teoria de correspondência directa:

2.2.1. Escola Americana

Na óptica de Herpin apud Nicolas (1982) nas primeiras décadas do século XX organizou-se um movimento norte-americano liderado por Roscoe Ponnd, auxiliado pela teoria da lógica experimental de John Dewey e baseada ante os princípios do bem-estar social.
As condições do “Welfare State”(estado do bem-estar), que são reacções às frustrações liberais da época, são adaptadas ao intuito jurídico por Benjamim Cardozo, que também introduz os processos subconscientes na actividade decisória do juiz.
O direito serve ao processo de construção da realidade social e não deve submeter-se aos princípios lógicos, aos silogismos e às construções técnico-teóricas tradicionais. Ou seja, propugnava pela insuficiência do princípio da subsunção.
O juiz deve construir o direito com base na análise científica desenvolvida para o estudo da realidade contemporânea. Deve acompanhar as tendências de sua época, ao promover as investigações necessárias para a sistematização dos dados essenciais à proposição de projectos e leis.
O objectivo é tornar a produção de normas dispostas à vida para a realização dos fins sociais, aos quais o direito deve obediência. Forma-se uma produção legislativo-jurídica para compreender os factores intersubjectivos. Para isto, são considerados os elementos conscientes e inconscientes, e absorvidas todas as atribuições valorativas, e preconceitos, para a efectivação da actividade decisória.
O direito é nutrido pela força da experiência e reflecte,  a realidade mutável. Neste sentido, Dewey infere a contraposição dos princípios pelos efeitos que produzem. É a análise focada nas consequências. Há uma prioridade de situações concretas.
Todavia, o objectivo da escola não é dar azo à desobediência civil, quando as normas não refletissem o social: as normas devem ser respeitadas; entretanto, a atividade do intérprete deve ser no sentido de assegurar os limites da atividade normativa, se extensiva, se restritiva, assegurada a practicidade social dos fatos.

2.2.2.Émile Durkheim

Para Herpin, (1982: 7) não foram os sociólogos americanos que inventaram a sociologia. Mas foi nos Estados Unidos que a sociologia se tornou uma profissão. Juntando, nos seus cadinhos, teorias de intelectuais universitários e alguns procedimentos técnicos imaginados por investigadores de talento, obtiveram um produto novo, feito de peças e de bocados de obras primas, na sua maior parte europeias. Os puristas e os estetas das construções concetuais podem ter ficado inquietos. Mas os sociólogos americanos não são os intelectuais oriundos das classes dominantes de que fala Max Weber, que se refugiam em fantásticas construções intelectuais.
Ainda segundo o mesmo autor, pode considerar-se que a primeira fórmula estabelecida pela sociologia americana é obra da escola de Chicago: e é nesta medida que se pode dizer que esta sociologia começa em Chicago.”
Os sociólogos da escola de Chicago procuram estabelecer o equilíbrio ou o desequilíbrio de um conjunto extremamente variado de elementos, cujo número está limitado pela proximidade geográfica. É neste sentido que o conceito fundamental de “comunidade”, ou mais rigorosamente de “comunidade ecológica” é utilizado. Park escreve: A relação recíproca e a interdependência entre as espécies são naturalmente mais evidentes e mais íntimas num habitat comum do que em qualquer outro local” 
2.2.2.Escola Francesa
Os sociólogos desta escola deram ênfase a:
·         Racionalidade;e
·         Utopia;
Com base utópico-racionalista, busca enxergar a cidade com base na Carta de Atenas onde prezaria por:
·         Uma cidade socialmente aberta, hospitaleira, acolhedora do diferente;
·         Uma cidade atenta ao coletivo, intolerante com a miséria, exploração social.

2.3..Sociólogos contemporâneos

2.3.1.Alain Touraine

Sociólogo Francês contemporâneo, Criador do Conceito de Sociedade pós Industrial que caracteriza a substituição da economia baseada na industria, pra outra em que o setor de serviço aparece como algo melhor. Se afasta da visão da organização das cidades de forma racionalista como a apresentada por Haussmann e Le Corbusier.
·         Tem um olhar sobre as classes menos favorecidas;
·         Se afasta do modelo de grandes centros urbanos que segregam a população;
·         Com uma visão critica das cidades modernas que valorizam os grandes centros em detrimento das minorias;
·         Volta o olhar às lutas de classes, diz que o homem se tornou coadjuvante da cidade em vistas dos avanços da globalização.

2.3.2.Henri Lefebvre

Sociólogo francês, Henri Lefebvre nasceu em junho de 1901, em Hagetmau, França, e faleceu a 29 de junho de 1991.
Lefebvre abrangeu várias áreas de estudo e tem sido destacado como intérprete do pensamento de Marx, estudioso da vivência das cidades e da sociologia rural. Ressaltou a importância do caráter histórico das ideias de Marx acerca da influência do fator econômico na história.
Marx  enfatizava o homem como sujeito da sua história. Neste intuito, onde questiona a vida cotidiana da sociedade moderna a partir de sua expressão mais manifesta: o espaço, ao mesmo tempo, consolida uma densidade teórica incomparável para a análise urbana   assim como para a construção de mecanismos alternativos de gestão e de planejamento da cidade.
Suas  teses   no âmbito da sociologia urbana salientam a ação das forças produtivas sobre o espaço físico. Introduziu os conceitos de espaço "percebido" ,"concebido" e "vivido".
a)      Espaço percebido-corresponde à "prática espacial", que assegura a continuidade numa relativa coesão. A prática espacial é diferente conforme os conjuntos espaciais próprios de cada formação social.
b)     Espaco concebido-tem haver com as representações sociais que exercem na sociedade a sua influência.
c)      Espaço vivido-refere-se aos "espaços de representação". É o espaço dos habitantes, dos usuários , que tentam apropriar o espaço pelas imagens e símbolos que o acompanham.

2.3.3.Mannuel Castells

Sociólogo espanhol,  nasceu em 1942 na cidade de Hellín. Castells lecionou na Universidade de Paris entre 1967 à 1979.
·         Enfatizou o papel dos movimentos sociais na transformação conflitiva da paisagem urbana;
·          Se concentrou no papel das novas tecnologias de informação e comunicação na reestruturação econômica;
·         Acreditava no poder da mídia e dos meios de comunicação perante a sociedade;
·         Castells centraliza seus estudos na chamada Era da informação ou Era digital.

2.3.4.Charles-Edouard Jeanneret,

Charles-Edouard Jeanneret, conhecido por Le Corbusier, nasceu em 6 de Outubro de 1887 na Suíça, mas viveu maior parte de sua vida adulta em Paris
Foi para Atenas estudar o Partenon e outros edifícios da Grécia antiga. É conhecido como o autor da “Carta de Atenas”, que resultou um encontro programático de arquitetos e urbanistas na capital da Grécia em 1933.
A “Carta de Atenas”, trata-se de uma espécie de mandamentos do urbanismo moderno, a essência desse receituário urbanismo moderno consiste em distinguir quatro funções básicas:
·         Habitação;
·         Trabalho;
·         Diversão; e
·         Circulação.
São as funções básicas a serem respeitadas na projeção, no planejamento e na reforma urbana. A sua influência estendeu-se principalmente ao urbanismo. Foi um dos primeiros a compreender as transformações que o automóvel exigiria no planejamento urbano. Ele ficou mais conhecido por suas não obras que por suas realizações.

Principais representantes da corrente sociológica francesa:

·         Émile Durkheim  (1858-1917);
·         Marcel Mauss (1852-1950), etc.
Alguns postulados e comentários:
Durkheim, fundador da escola sociológica francesa, assinalou de forma precisa a interdependência de todos os fenômenos sociais, qualquer fato seria estudado tendo em conta os demais através de uma visão totalizante. Com efeito, esta linha é um claro precedente do funcionalismo.
Marcel Mauss por sua vez, defendeu que nenhuma disciplina humana poderia construir conceitos ou classificações para interpretar-los isoladamente, a consequência directa desta ideia seria a rejeição ao método comparativo.

MILE DURKHEIM

Durkheim procura compreender a maneira pela qual, nós, os humanos, reunimos “As palavras e as Coisas”. Assim, ele articula a teoria do conhecimento da realidade social, situando-a no campo simbólico, no espaço das representações sobre o dizer e o fazer social, apreendido pelo tipo de relação que mantemos para com o totem e o tabu. Além disso, em sua teoria do conhecimento, o autor estabelece a hipótese sociológica de que as categorias da sensibilidade e do entendimento, ao contrário da afirmação de Kant, não são inatas, e sim, construídas socialmente.
2.3.Teoria de Interacção
Na óptica de Blumer (1969) o interacionismo simbólico é uma abordagem sociológica das relações humanas que considera de suma importância a influência, na interacção social, dos significados bem particulares trazidos pelo indivíduo à interacção, assim como os significados bastante particulares que ele obtém a partir dessa interacção sob sua interpretação pessoal. Originada na Escola de Chicago, essa abordagem é especialmente relevante na microssociologia e psicologia social.
O interacionismo simbólico não se limita a essa interpretação. Segundo a proposição de Hegel, por exemplo, e de outros filósofos que escreveram sobre a linguagem, o mundo simbólico, só se constrói, por meio da interacção entre duas ou mais pessoas e, portanto, o simbolismo não é resultado de interacção do sujeito consigo ou mesmo de sua interacção com um simples objecto. Apesar de ser um sentido individual e uma base para todos e quaisquer sentidos que cada um dá às suas próprias acções, ela é fundada nas interacções do indivíduo, ou naquilo que o "eu" faz sendo regulado pelo que "nós" construímos socialmente.
Essa escola se originou no pragmatismo americano e particularmente no trabalho de George Herbert Mead, que demonstrou que os egos (self) das pessoas são produtos sociais, sem deixar de ser propositados e criativos. Outros pioneiros na área foram Herbert Blumer e Charles Cooley. Blumer, um estudioso e intérprete de Mead, e criador do termo "interacionismo simbólico", pôs em evidência as principais perspectivas dessa abordagem: as pessoas agem em relação às coisas baseando-se no significado que essas coisas tenham para elas; e esses significados são resultantes da sua interacção social e modificados por sua interpretação.









3.Conclusão

Uma escola sociológica é uma equipa de investigadores , a palavra “equipa” está entendida no sentido goffmaniano (team) – que, embora não seguindo um plano pré-determinado, desenvolve trabalhos convergentes. Ora esta convergência não é “intencional”: não existe ninguém – o chefe da escola – que saiba para onde vai toda a gente.
A convergência é, tal como o EU de que falamos mais atrás, um efeito colectivo. E tenta-se explicitar em que consiste o “consenso efectivo”, na origem desta convergência, encontra-se um composto instável, a que chamamos uma problemática”
·         Escola sociológica Americana: era baseada ante os princípios do bem-estar social.
·         Escola sociológica francesa: baseava-se na Racionalidade e Utopia.


 

 

 

 

 

 

 



 


4.Referências Bibliográficas

¾    HERPIN, Nicolas. (1982). A Sociologia Americana. Porto. Edições Afrontamento.
¾    MARTINS, C. B. O que é Sociologia. São Paulo. Brasiliense, 1994.
¾    PARSONS, T. Os processos de socialização e as escolas paralelas. Harvard Educational Review, 1959.
¾    Rodrigues, Albeno Tosi Sociologia da Educação / Alberto Tosi Rodrigues. - Rio  de Janeiro: DP&A, 2004.

TEORIAS SOCIOLÓGICAS E FRACASSO ESCOLAR


TEORIAS SOCIOLÓGICAS E FRACASSO ESCOLAR                                                   
HELFAS SAMUEL-Licenciado em Ensino Básico com habilitações em supervisão e inspecção escolar-Universidade Pedagógica-Gaza
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3.0. Conceitos básicos.
Teoria é um sistema de princípios expressos em função de certos conceitos em que princípios são considerados verdadeiros quanto ao tema desse mesmo sistema (Mateus et all).
Teoria sociológica é um sistema imperativo dos factos sociais, GYDDANS, (2008: 640).  
Fracasso escolar pode ser compreendido como algo vinculado a auto-estima no processo de aprendizagem, algo que inviabiliza a capacidade de um ou mais indivíduos de aprender, de acreditar e sentir-se digno de que pode apropriar-se do conhecimento, GURGEL, (2010).

4.0. Aspectos Psicossociais

A questão do fracasso escolar é um dos problemas que mais atingem a educação. Tal problema, apesar dos esforços dos profissionais empenhados na mudança educacional, persiste através dos tempos. A partir dessa temática, iniciou-se uma busca das razões que justificassem essa problemática escolar. Desta forma, a importância desse estudo vem de encontro com uma reflexão sobre os discursos do fracasso escolar e as questões implícitas em tais discursos.


4.1. Tendência Medicalizante

Apesar de não suficientemente aprofundadas, as explicações sobre as raízes do fracasso escolar são reflexos de acontecimentos históricos anteriores.
No entanto, a partir de 30, constituiu-se um movimento de intelectuais que almejavam reformas educacionais mais concretas. Estes intelectuais receberam espaço político diante das transformações que ocorriam nessa época. No âmbito do surto liberal e da movimentação política reformista que ocorria nos países; a questão do fracasso escolar foi muito estudado e os pressupostos desta nova pedagogia encontraram terrenos propício a sua divulgação. (PATTO, 1990). As causas do fracasso escolar até então centradas em características bio-psico-sociais do aluno vão direccionando-se para um novo enfoque, o da carência cultural escolar.
O que entende por carência cultural escolar?  

5.0. Teorias racistas.
Ao final do século XVIII, após o triunfo burguês na revolução francesa, começam a ser formuladas as teorias do determinismo racial. A questão do fundo da ideologia liberal da época era a questão da igualdade. Contudo, a construção de uma sociedade igualitária, na realidade, tratava-se mais de justificar as desigualdades existentes, inerentes ao modo de produção capitalista, as então desigualdades sociais, que agrediam a concepção de igualdade de oportunidades, traduzem-se em desigualdades raciais, pessoais e culturais.
Este panorama é relevante para a compreensão de como surgem, no Brasil, as considerações a respeito das diferenças nos rendimentos escolares. Visto que, segundo Maria Helena Souza Patto, estas se dão num momento em que o país vivia mergulhado num colonialismo cultural que fazia de nossa cultura, segundo expressão usada por Cunha (1981), uma cultura reflexa, sobretudo sob a influência da filosofia e da ciência francesas. (A produção do fracasso escolar, p.30).
Isto mostra que as desigualdades existentes no campo laboral, vindos do capitalismo se degeneraram a nível cultural-racial, onde a classe alta pensava que as outras (inferiores ou com poucas posses não eram importantes muito menos a sua cultura), isto repercutiram ao nível do sector educacional, em que a maioria, neste caso, as classes baixas eram marginalizadas.
Entre 1850 e a década de 1930, se deu o ápice de divulgação das ideias racistas. Do meio científico emanavam se teses que buscavam atestar as diferenças das raças com base na herança de carácteres adquiridos. Cientistas afirmavam baseados em explicações fisiológicas carregadas de preconceitos a superioridade da raça branca, supondo a estes um maior nível de inteligência. Portanto, considerava-se um equívoco querer colocar negros e brancos em condições de igualdade de educação, tendo em vista o suposto intelecto superior destes últimos. Aqui, encontramos o fundamento da nossa tese de marginalização da classe baixa e negra, esta não era capaz de aprender muito menos de se desenvolver cientificamente devido ao seu suposto baixo coeficiente de inteligência, alegado pelos brancos, sem fundamento científico nenhum, simplesmente assentado em bases de racismo e preconceito. Esta mentalidade influenciou muito negativamente aos negros que em algum momento chegaram a acreditar que não eram capazes de ir longe com a escolaridade.
Partindo desta teoria, no nosso país tivemos situações de negação a educação, em que o colono dizia que moçambicano só podia aprender, a ler, a escrever e a contar, limitando se assim, o negro ao descobrimento do mundo cientifico. Prova disto eram as escolas para os filhos dos brancos e para os indígenas. O racismo, que por vezes foi utilizado como justificativa para conquista de outros povos pelas sociedades industriais capitalistas, teve o mesmo significado nas lutas de classes. Nas mãos das minorias de elite, funcionavam como armas na tentativa de justificar as diferenças entre classes, obviamente pela superioridade da raça ariana, principalmente nos países cuja linha divisória das classes sociais coincidia com a linha divisória das raças.
Durante muito tempo alguns cientistas mantiveram a postura de estar dando embaçamento científico para ideias racistas já disseminadas no seio das sociedades. E, mesmo aqueles que não possuíam este objectivo acabaram-no fazendo, evidentemente de maneira indirecta, a exemplo da teoria evolucionista de Darwin. Que acabou sendo alvo de uma leitura racista que deu origem ao darwinismo social. Que supunha, inspirado na teoria darwinista da selecção natural, a existência também de uma selecção dos mais aptos à nível do universo social.
As ciências que se oficializam a partir desta época, tais como a Sociologia a Antropologia e a Psicologia, em sua maneira de conceber a vida social, emergiam das camadas dominantes, a quais, era vantajoso a manutenção das sociedades de classes, e acabaram actuando como legitimadoras das desigualdades sociais. O que pode ser evidenciado pela influência do etnocentrismo europeu nas ciências que surgem no final do século XIX e primeiras décadas do século XX.
Ø  Em que consiste a teoria racista?
Ø  Que impacto teve esta teoria no âmbito educacional?


6.0. Contribuições da Psicologia Diferencial na provação da inteligência hereditária.
Apesar de o marco do surgimento da psicologia científica ter sido a fundação do laboratório experimental de Wundt, é o nome de Sir Francis Galton que aparece nos manuais de psicologia diferencial. Seu objectivo principal era medir a capacidade intelectual e comprovar sua determinação hereditária, o que serviu muito bem aos propósitos desta ciência que se propunha investigar quantitativa e objectivamente as diferenças existentes entre indivíduos e grupos.
Adepto da teoria de Darwin, Galton transpôs os princípios evolucionistas da variação, selecção e adaptação para o estudo das capacidades humanas. Propunha-se a demonstrar que as aptidões naturais humanas são herdadas, da mesma forma que os aspectos físico-orgânicos. Com o intuito de estimar o nível intelectual dos indivíduos, se propôs a mensurar os processos sensoriais e motores, e acabou se tornando o precursor dos testes psicológicos.
Uma das crenças que permeavam o século XIX era a de que a classe média estaria livremente aberta a todos. Portanto, aqueles que não conseguiam alcançar uma ascensão social eram tidos como incapazes, reflexo de sua falta de inteligência, de força moral ou de energia, justificadas por uma herança racial. Pois, no âmbito da ideologia de uma suposta igualdade de oportunidades (característica das sociedades de classes), fazia-se necessária uma comprovação científica. Para tal, era de crucial importância a preocupação com a identificação das diferenças, tais como:
Ø  As individuais;
Ø  As normais e anormais:
Ø  Os aptos e inaptos.
Galton foi também o fundador da Eugenia, ciência que se propunha gerenciar a evolução da espécie humana, aperfeiçoando-a através do cruzamento de indivíduos supostamente ideais, seleccionados para este fim. Contudo, Galton manteve-se cauteloso quanto a prescrição de medidas eugênicas, pois reconhecia o estado ainda precário dos conhecimentos relativos à hereditariedade.
Como opinião do grupo, com este trecho concluímos que a classe capitalista contribui muito para a perpetuação do fracasso escolar, visto que a tese de que os negros tinham baixa inteligência foi descartada com os estudos de Galton, o que queria dizer que os negros estimulados podiam ser capazes de aprender ao mesmo nível que os brancos e que podiam sobressair na vida. E esta motivação devia ter levado muitos indivíduos a estudar e a esforçarem ainda mais o que iria dar como saldo um número elevado de pessoas com formação.
ü  Quais as principais contribuições da Psicologia diferencial para a educação.
ü  Será que é verdade que os negros tinham baixa inteligência?

7.0.Teoria da Carência Cultural
A teoria da carência cultural surgiu e desenvolveu-se nos Estados Unidos, durante a década de sessenta. Em seguida, expandiu-se para os países da Europa e da América Latina, sendo Brasil um dos países que teve uma forte repercussão desta teoria conforme fala Maria Helena Patto. Quanto ao fracasso escolar, constatou-se que estava directamente ligado a privação cultural do qual sofria o educando, tendo sido propagado com maior intensidade no Brasil na década de sessenta.
Os estudos e pesquisas voltam-se, então, para a explicação de que os factores sócio-culturais seriam fortes influências nas características físicas, perceptivo-motoras, cognitivas e emocionais de cada indivíduo, segundo (Patto 1990).
Essa teoria também procura encontrar soluções para remediar os males educacionais. O enfoque de tais programas era centrado na recuperação do ambiente não favorecido á criança na primeira infância. Daí o ensino infantil ser o alvo principal da educação compensatória. No entanto, as taxas de repelência e evasão continuavam efectivas dentro do quadro do ensino brasileiro, chegando a 56% na passagem da 1ª para a 2ª série em 1977, segundo os dados do Ministério Educação e Cultura.
A partir dessa realidade, nota-se que os programas de educação compensatória não estavam por dar conta do fracasso escolar, mas agravavam mais a situação. Portanto, a teoria da Carência Cultural, apesar de ter enfatizado as causas do fracasso escolar provindas do educando, acabou por negar-se a si mesma. Uma vez que suas experiências depararam-se com resultados insuficientes. Ao nosso ponto de vista esta teoria errou o alvo, ao evocar as questões culturais das crianças como as causas do fracasso escolar, porque biologicamente os indivíduos tem as mesmas características e pressupostos (tanto brancos e negros).
ü  Qual o foco desta teoria?


8.0. Teorias Crítico-Reprodutivistas.
As teorias críticas reprodutivistas inseriram-se no meio educacional brasileiro através das ideias de vários autores, tais como Althusser (1974), Bernstein (1977), Bourdieu e Passeron (1975) e outros. As ideias propaladas por esses autores possuem como preocupação central a problemática das escolas serem nada mais, do que o meio onde se reproduzem as relações de poder vigentes na sociedade. Assim, a escola, apresenta-se como reflexo da sociedade capitalista. Um espaço cultural, onde os alunos são seleccionados e treinados para um desempenho adequado no trabalho. Desta forma, as causas do fracasso escolar, que antes eram procuradas fora do sistema escolar, agora se voltam para um enfoque onde os factores intra-escolares prevalecem como causadores desse mesmo insucesso.
No entanto, apesar de sua importância, a teoria crítico reprodutivista, não contemplava, em sua totalidade, alguns aspectos fundamentais. Desta forma, o discurso de que dificilmente as crianças pobres poderiam apropriar-se dos conhecimentos, ainda permanecia implícito nas pesquisas. A abordagem de Patto (1990), visa demonstrar que o ser humano não está totalmente a mercê de um destino pré determinado, como colocaram as teorias reprodutivistas. O autor demonstra sua tendência a crença de que, no espaço escolar, ainda é possível acontecer revoluções, dizendo : Mas onde quer que existam relações de poder, existe a possibilidade de questioná-las e trabalhá-las.
 Portanto, o que se encontra nas pesquisas mais recentes sobre o fracasso escolar visto pela óptica da psicologia, é o encontro necessário desse campo de pesquisa com a sociologia. Assim sendo, a esperança de que existam instrumentos dentro do âmbito escolar que possibilitarão a superação do fracasso, torna viável uma nova teoria, que certamente, trilhará caminhos ainda desconhecidos. Tomemos como ponto de partida a época Medieval. Quando, de início, a educação era reservada apenas para um pequeno número de clérigos. Com o tempo, passa a ser ministrada para o povo, em locais públicos, como nas igrejas ou em suas portas, nas ruas ou nas praças. Não existia uma preocupação com o ambiente escolar e as turmas eram mistas, pois julgava-se que o que era realmente relevante seria a matéria dada e não as características dos alunos. Até mesmo porque, não existia a distinção do que seria um adulto, o indivíduo passava directamente da infância para a fase adulta sem que houvesse uma etapa de transição. Portanto, podia-se encontrar, em uma mesma turma, crianças de 6 anos muito mais avançadas no processo de aprendizagem, e, jovens de 20 anos, ou mais, ainda aprendendo o Donat (gramática rudimentar) características de uma sociedade com grande liberdade de costumes.
Na sociedade antiga, a criança ao ingressar na escola ingressa, também, no mundo dos adultos pensamento que irá resistir até o final da Idade Média. Ao contrário da modernidade, quando haverá na educação uma grande preocupação de separar as crianças, no período de formação moral (ou intelectual), da sociedade dos adultos. Contudo, ainda na época medieval, é importante ressaltarmos a existência dos contratos de aprendizagem, que estipulavam, pelos pais, o grau de aprendizagem que seria oferecido a seus filhos. Estes seriam confiados aos clérigos, que lhes dariam abrigo, única forma de internato conhecida na época. Os outros estudantes viviam como podiam, muitos em espécies de pensões, misturados meninos e velhos, todos em um mesmo quarto.


9.0. Fracasso escolar.
O fracasso escolar pode ser compreendido, num primeiro momento, como algo vinculado a auto-estima no processo de aprendizagem, algo que inviabiliza a capacidade de um ou mais indivíduos de aprender, de acreditar e sentir-se digno de que pode apropriar-se do conhecimento. Ao falar de fracasso escolar, é importante observar quando as dificuldades de aprendizagem vêm encobrir a fragilidade da escola, centrando no aluno todo insucesso de sua não aprendizagem. A falta de conhecimento didáctico do corpo docente está na raiz do fracasso escolar.
As principais causas do fracasso escolar são oriundas, em sua maior parte, dos sistemas de ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes nas escolas, deixando de identificar onde se localizam as inadaptações à aprendizagem, e levar o aluno a descobrir sua própria modalidade de aprendizagem, considerando como ponto crucial seu modo particular de se relacionar com o conhecimento, ou seja, a aprendizagem escolar. O fracasso escolar também pode ocorrer dependendo do contexto familiar, cultural, social e político que o indivíduo possa estar inserido.
Se um aluno mora numa família tumultuada, está claro que a sua progressão escolar vai ser deficitária. Uma criança inserida num meio que não favorece para aprendizagem, é obvio que tem mais chances de fracassar. O ambiente político tenso como pode ser o caso do país em guerra pode contribuir para o fracasso escolar, bem como os próprios pressupostos biológicos que devem estar lá para que o indivíduo tenha sucesso, juntando a isto tudo o seu próprio esforço e das pessoas ao seu redor. Em suma, são vários factores que contribuem para o insucesso escolar, e que para a inversão da situação devem ser observados com toda a atenção necessária para que o ambiente educacional seja favorável para o sucesso dos educandos.
ü  Quais as principais causas do fracasso escolar aqui patentes?


11.0. Referência bibliográfica.
GURGEL, Thaís. A origem do sucesso (e do fracasso) escolar. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-inicial/origem-sucesso-fracasso-escolar-419845.shtml, 2010.
PATTO, M.H.S. A produção do fracasso escolar : histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: T.A Queiroz, 1990.
LAKATOS. E, Maria, MARCONI. M, de Andrade, Sociologia Geral, Editora AT, 7ª ed, SP, 2006.