TIPOLOGIAS DE LITERATURA POPULAR:
O MITO, A LENDA E CONTO POPULAR
0.INTRODUÇÃO
O presente trabalho
tem como tema “ Tipologias
de literatura popular: o mito, a lenda e conto popular ” o qual sua investigação foi feita em grupo
constituído por estudantes do curso de Ensino Básico, 4º ano na Universidade
Pedagógica, Delegação de Gaza.
Este trabalho visa trazer uma
compreensão sobre as tipologias de literatura popular. De forma específica vamos
definir alguns conceitos chaves, explicar as
características de cada tipo, também vamos
detalhar outros aspetos importantes alusivos ao tema.
O mesmo resulta de
certa forma de um empenho do grupo na recolha de informações relativas ao tema
em diversas obras, artigos, teses em relatórios, os quais constam na
bibliografia do mesmo e também, foram aspetos fundamentais, os conhecimentos
adquiridos nos níveis anteriores sobre esta temática.
O trabalho está organizado em quatro
partes, nomeadamente a introdução,
onde de forma objetiva apresentaremos o que pretendemos investigar, a parte de apresentação responsável
confrontação de teorias e resumo da matéria em estudo, a conclusão, onde de forma mais sintética traremos as ideias
inessenciais da nossa investigação e referências bibliográficas, para alistamento das obras usadas na produção do
trabalho.
0.1. OBJECTIVOS DO TRABALHO
0.1.1.
Objectivo Geral
·
Compreender as tipologias de literatura popular (o mito, a lenda e conto
popular)
0.1.2.
Objectivo específicos
·
Conceituar mito,
lenda e conto popular;
·
Descrever os
aspetos característicos do mito, lenda e conto popular;
·
Esboçar um
quadro comparativo do mito, lenda e conto popular.
·
Descrever a
importância do mito, lenda e conto popular para o Ensino Básico;
0.2.METODOLOGIA
Para
a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que
possuímos, recorremos a pesquisa bibliográfica que consistiu nas interpretações
sólidas e fundamentadas por diferentes autores de destaque que debruçaram-se
sobre o tema em alusão e também recorremos a pesquisa documental, para recolher
informações em diversos relatórios, monografias e teses de doutoramento.
0.3. Justificativa
A escolha deste tema não foi a desejo do grupo, mas sim
enquadra-se no âmbito estratégico de interação entre estudantes e docentes, que
faz parte também do método de ensino e aprendizagem. Para além disso, deve-se
ao cumprimento do plano curricular da cadeira de Filosofia Política onde este
tema faz parte. (HELFAS, 2018)
1.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1.Conceitualização
Antes de reflectir
sobre a temática do nosso trabalho é pertinente, antes de qualquer outra
abordagem, uma clarificação dos conceitos de “literatura popular”, “mito” “lenda e de “Conto popular”. Esta clarificação é essencial, pois
a diversidade de conceitos que gravitam em torno do campo literário é complexa. (VITOR citando AZEVEDO, 2003)
Para Guerreiro
(1983) Literatura popular é a designação corrente e simplificada de
literatura oral tradicional ou literatura
popular de tradição oral, isto é, todo o conjunto de formas simples da arte
verbal do povo.
Mito
Strauss,
(1976) entende-se
como uma verdade absoluta, merecedor de
crença profunda e até veneração, que serve como explicações da origem do homem,
do mundo e dos fenómenos da natureza, do desconhecido, do inexplicável.
Machado (1999) Mito é um
conjunto fechado de conhecimento, capaz de ordenar e dar significação a
realidades do meio, importantes e prioritárias para o homem.
Para Cruz “os
mitos são definidos
como
uma explicação dos fatos atuais através de acontecimentos primordiais,
que
se encontram sempre presentes, sendo que, pelo rito, se faz a ligação do atual ao primordial. Deste modo,
os mitos,
ao se referirem
aos
acontecimentos primordiais, estão nos
trazendo uma explicação do atual, pois esses acontecimento ocorrem em determinados espaços e tempos sagrados. Essa referência a um contexto transcendente valida o espaço e o tempo profanos, dando sentido à quotidianidade”.
Comungando os tres
conceitos, percebe-se mito como
narrativa utilizada pelos povos antigos para explicar fatos da realidade
e fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles
Lenda
Na
óptica de Helfas citando Freitas (2003) lenda é uma ideia de falsidade, algo irreal,
inventado ou sem
comprovação,
alvo de
um uso pejorativo para designar crenças sem fundamento.
Parafraseando a ideia do autor entende lenda como conjunto de narrativas transmitidas oralmente pelas pessoas com o
objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Conto popular
Segundo Leal (1985)
“O conto popular é uma expressão que pertence a este contexto de sonho e
fantasia, de magia e de mistério; ele é parte da fala do povo, um canto harmonioso
dirigido ao mistério das coisas
Azevedo (2003) Os
contos populares são narrativas que pretendem contar uma história de interesse
geral, que aborde temas de identificação imediata, por meio de uma linguagem
familiar e acessível.
Estes, dois
conceitos levam-nos a perceber que conto popular constitui conjuntos de
historias marcadas pela cultura pois abordam temas interessantes, que abrem
espaço para a interpretação de experiencia de vida.
1.2.Mito
1.2.1.Evolução
Originalmente, um mito era entendido como uma verdade absoluta,
merecedor de crença profunda e até veneração. Serviam como explicações da origem do homem, do mundo e dos fenómenos da
natureza, do desconhecido, do inexplicável (STRAUSS, 1976)
Desde as sociedades humanas primitivas até aos nossos dias, acompanhando a evolução do conhecimento científico, a
ideia de mito foi perdendo o seu valor original e passou a ser usado para designar
uma história falsa, fantasiosa, inventada, irreal.
É frequente usar-se a expressão “isso é um mito!” para classificarmos de falso, pouco credível um determinado acontecimento ou
facto, ou quando o pretendemos
desvalorizar e depreciar. Atualmente, também é comum utilizar-se
o conceito de mito
para designar ícones da cultura de massas, sejam personalidades desportivas, da música,
do cinema ou da política.
Esta polissemia do mito não pode ser ignorada, pois incorpora
em
si mesma, um certo preconceito ou visão pejorativa
do próprio conceito bastante
enraizada
nas sociedades contemporâneas e que
pode
contaminar de forma comprometedora
a sua utilização no processo de construção do conhecimento na
sociedade.
Mas, Marinho (2011) aproximamo-nos
da sua posição de que o mito possui diversas interpretações
e que cada uma delas é, à sua maneira, verdadeira
1.2.2.Características
Os mitos utilizam muita simbologia, personagens
sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos
reais, características humanas e pessoas que realmente existiram. Um dos
objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência
ainda não havia explicado.sinteticamente o mito apresenta as seguintes
caracteristicas:
·
Tem
caráter explicativo ou simbólico e relaciona-se com uma data ou com uma
religião;
·
Procura
explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens sobrenaturais
como deuses ou semi-deuses;
·
Explica
a realidade através de suas histórias sagradas, que não possuem nenhum tipo de
embasamento para serem aceitas como verdades;
·
Alguns
fatos históricos podem se tornar mitos, desde que as pessoas de determinada
cultura agreguem uma simbologia que tornem o fato relevante para as suas vidas;
·
Todas
as culturas possuem seus mitos. Alguns assuntos, como a criação do mundo, são
bases para vários mitos diferentes.
1.2.3.Tipos de mitos
Para Helfas apud Klacewicz (2009) no seu trabalho “Lendas, mitos e história: estudo sobre as narrativas polonesas
e gregas”, divide os mitos em:
Tipologia de mitos
segundo Klacewicz (2009)
|
|
Teogónicos
|
Origem dos deuses
|
Cosmogónicos
|
Origem e
evolução da Terra
|
Astronómicos
|
Origem e
atuação do mundo astral
|
Culturais
|
Origem dos seres e
explicação de uma prática, uma crença, uma instituição
|
Naturais
|
Fenómenos físicos
|
Etiológicos6
|
Origem das
coisas, os
acontecimentos primordiais
em consequência dos quais
o
homem se converteu
no que é hoje. O mito fundador, comum na cultura grega e na
religiosidade, estabelece leis para as relações entre humanos e divindades; justifica mudanças de ordem social,
política ou moral e expõe uma ligação da narrativa com a
história factual, como por exemplo a história de Rómulo e Remo, que fundaram
Roma.
|
1.2.4.Importancia
Os mitos servem, assim, de modelo e de referência para toda as atividades humanas e possuem
uma dimensão de
eficácia, na
medida em que através do rito, eles
têm
uma espécie de âmbito mágico que produz resultados. Admitindo o mundo como
oriundo de um caos e
de um
espaço não organizado, pode-se
estabelecer uma analogia entre a formação do cosmos e, por exemplo, o processo de formação de uma cidade, entendida como um microcosmo
que imita o mundo.
O mito possui um carácter sagrado que dá sentido às narrativas do tempo primordial e
que estabelece a diferença entre
o santo e o profano; a verdade e a mentira; o bem e o mal. Os mitos são, portanto, “histórias verdadeiras São os mitos
que dão sentido à cultura e à vida de determinados
grupos sociais,
passando a integrar uma realidade total em permanente renovação
1.3.LENDAS
1.3.1.Evolução
Lendas são narrativas transmitidas
oralmente pelas pessoas com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos
ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários.
Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do
tempo e modificadas através da imaginação do povo. Ao se tornarem conhecidas,
são registradas na linguagem escrita. Do latim legenda (aquilo que deve
ser lido), as lendas inicialmente contavam histórias de santos, mas ao longo do
tempo o conceito se transformou em histórias que falam sobre a tradição de um
povo e que fazem parte de sua cultura
1.3.2.Características
·
Se
utiliza da fantasia ou ficção, misturando-as com a realidade dos fatos.
·
Faz
parte da tradição oral, e vem sendo contada através dos tempos.
·
Usam
fatos reais e históricos para dar suporte às histórias, mas junto com eles
envolvem imaginação para “aumentar um ponto” na realidade.
·
Fazem
parte da realidade cultural de todos os povos.
·
Assim
como os mitos, fornecem explicações aos fatos que não são explicáveis pela
ciência ou pela lógica. Essas explicações, porém, são mais facilmente aceitas,
pois apesar de serem fruto da imaginação não são necessariamente sobrenaturais
ou fantásticas.
·
Sofrem
alterações ao longo do tempo, por serem repassadas oralmente e receberem a
impressão e interpretação daqueles que a propagam.
1.3.3.Tipologias de lendas
Tipologia de lendas
segundo Dorson (1970)
|
|
Pessoais
|
Ligadas a um
indivíduo conhecido,
herói ou
vilão.
Podem
ser
subdivididas
em heróicas, hagiográficas
ou anedóticas.
|
Locais
|
Vinculadas a uma localidade, falam de rios, lagos, terras, cavernas,
grutas e demais
acidentes geográficos.
|
Episódicas
|
Contam acontecimentos
particulares que
interessam
à comunidade.
|
Etiológicas
|
Descrevem
a origem de um animal ou planta.
|
1.4.CONTO POPULAR
1.4.1.Evolução
O
conto passa a ser reconhecido literariamente como género narrativo bastante
tardiamente. Mas já no séc. XVI, em França, Perraut reunira alguns contos
tradicionais, passando-os às à escrita. No séc. XIX, os Irmãos Grimm, em
Inglaterra, ou Teófilo Braga e Almeida Garrett, em Portugal, fizeram o mesmo,
publicando muitas histórias que até aí não tinham sido escritas.
1.4.2.Características
Para Leal
(1895:12).” o conto popular quatro características fundamentais:
·
Antiguidade:
relacionada com a temática dos contos. O conteúdo de um conto, contado numa
determinada época em um determinado lugar, pode ter sofrido transformações ao
longo do tempo, porém sua essência é a mesma de um conto remoto, contado em
época e lugar completamente diferentes.
·
Anonimato de autoria: os
contos populares têm como característica o autor anônimo; não se sabe quem foi
o “criador” da história, portanto, ela é considerada criação do povo e, então,
anônima. Muitos foram os coletores de contos populares ao longo da história;
alguns até mesmo modificaram um pouco os relatos que coletaram, porém não são
seus criadores.
·
Capacidade de persistir no tempo: segundo
o autor, os contos populares seriam codificados numa linguagem simbólica e
universal capaz de ser compreendida por homens de todas as épocas e lugares.
Isso explicaria sua capacidade de persistir no tempo.
·
Modo de transmissão: os
contos populares são transmitidos oralmente, contados ou cantados; os contos
são transmitidos de pais para filhos, ao longo das gerações, os contos
respeitam rituais de transmissão e possuem complexidade, arte e capacidade de
seduzir seus ouvintes.
1.4.3.Importância
·
Abordam temas
interessantes, que abrem espaço para a interpretação da experiencia de vida;
·
Por meio
destes pode-se pensar em temas que dizem respeito a condição humana vital e
concreta, como as buscas do homem, seus conflitos, suas ambiguidades;
·
Todas estas
possibilidades podem contribuir para a formação de um leitor, podem ser
mobilizadores de discussões instigantes, que estimulam leitores que serão
indicadores de textos a outros leitores, formando alunos que não se limitam a
decodificar palavras, mas que também sabem ler o mundo e atuar criticamente no
meio em que estão inseridos
1.5.DIFERENCIA DE MITO, LENDA E CONTO POPULAR
|
Mito
|
Lenda
|
Conto
Popular
|
Protagonista
|
Divindades e heróis
|
Heróis humanos
|
·
Seres
humanos,
·
seres Sobrenaturais e animais
|
Conteúdo
|
Cosmogónico ou religioso, simboliza
crenças em uma comunidade e os acontecimentos fabulosos que ele narra são
tidos como verídicos.
|
explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais
|
·
Vivencias
do dia-a-dia
·
Costumes
·
Dilemas
morais do quotidiano
|
Tempo
|
Fora do tempo
|
|
Localizado num passado indeterminado
|
Espaço
|
Fora do espaço
|
|
Geralmente indeterminado
|
1.6.RELEVÂNCIA DO MITO, LENDA E CONTO POPULAR NO
ENSINO BÁSICO
Estas tipologias de
literatura popular habilitam, fornecem ferramentas para que o futuro professor
possa ser capaz de a partir destes textos ministrar uma aprendizagem significativa.
Na perspetiva de Porto
(2006) destaca-se que todo ser humano é capaz de aprender, no entanto, a
otimização e aplicação desse saber, necessitam partir do aperfeiçoamento e
consolidação de estratégias diferenciadas, inovadora, específicas e não fragmentadas.
Assim é essencial que a prática educacional esteja preocupada com a
transformação da sociedade e a favor do desenvolvimento cognitivo de todos os
seres humanos, neste caso:
A utilização dos mitos,
lendas e contos populares em sala de aula colabora para despertar no educando a
sua imaginação transportando-os ao mundo da fantasia que então estará sendo
criado ao seu redor. O fator de contribuir para que as crianças passem a gostar
de ouvir histórias é importante porque ela passa a construir dentro de si novas
ideias através de descobertas, de outros lugares e épocas, outras maneiras de
agir, além de ter a curiosidade respondida, podendo desta forma elucidar melhor
suas próprias dificuldades ou então descobrir um novo caminho para a resolução
delas.
O autor acredita
que o trabalho realizado com o auxílio dos mitos, lendas e contos populares no
processo educacional pode ser infinitamente rico e significativo em todas as
séries, pois permite a intercâmbio entre o educador e o educando, bem como, a
interação entre os estudantes no momento da contação de história.
2.
CONCLUSÃO
Falar da das
tipologias da Literatura
popular não é algo simples pois,
existem muitos aspetos irresumíveis em um só trabalho, mais por termos
especificados em jeito de objetivos a informação que precisávamos foi possível
concretizar, visto que os objetivos foram alcançados.
Para um formando do
ensino básico, estas tipologias de literatura popular habilitam-no ou fornecem
ferramentas para que ele possa ser capaz de a partir destes textos ministrar
uma aprendizagem significativa.
A utilização dos mitos,
lendas e contos populares em sala de aula colabora para despertar no educando a
sua imaginação transportando-os ao mundo da fantasia que então estará sendo
criado ao seu redor.
O fator de
contribuir para que as crianças passem a gostar de ouvir histórias é importante
porque ela passa a construir dentro de si novas ideias através de descobertas,
de outros lugares e épocas, outras maneiras de agir, além de ter a curiosidade
respondida, podendo desta forma elucidar melhor suas próprias dificuldades ou
então descobrir um novo caminho para a resolução delas.
3.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
¾
AZEVEDO,
Ricardo. Conto popular, literatura e formação de leitores. Revista Releitura, Belo Horizonte. n. 2007.
¾ BRAGA, Teofilo, Contos Tradicionais do Povo
Portugues, 6ª ed., Lisboa 2002
¾ FREITAS, Maria; Solé, Maria O uso da narrativa nos Estudos Sociais, In Revista Galeo- Portuguesa
de Psicoloxía e Educación, 2003.
¾ GUERREIRO, M.V. – Para a História
da Literatura Popular Portuguesa, 2ª ed., Lisboa, Instituto da Cultura e da
Língua Portuguesa, 1983.
¾ LEAL, J. C. A natureza do conto
popular. Rio de Janeiro: Conquista, 1985.
¾ Machado, José L. O Mito de Viriato
na Literatura
Portuguesa. Ed.Braga,
1999.
SUA OPINIÃO
CONTA PARA EU PODER MELHORAR