TEORIAS SOCIOLÓGICAS E FRACASSO ESCOLAR
/FREELANCER DE CONTEUDO/
3.0. Conceitos básicos.
Teoria
é um sistema de princípios expressos em função de certos conceitos em que
princípios são considerados verdadeiros quanto ao tema desse mesmo sistema
(Mateus et all).
Teoria
sociológica é um
sistema imperativo dos factos sociais, GYDDANS, (2008: 640).
Fracasso
escolar pode ser compreendido como algo vinculado a
auto-estima no processo de aprendizagem, algo que inviabiliza a capacidade de
um ou mais indivíduos de aprender, de acreditar e sentir-se digno de que pode
apropriar-se do conhecimento, GURGEL, (2010).
4.0. Aspectos Psicossociais
A questão do fracasso escolar é um dos problemas que mais atingem a educação. Tal problema, apesar dos esforços dos profissionais empenhados na mudança educacional, persiste através dos tempos. A partir dessa temática, iniciou-se uma busca das razões que justificassem essa problemática escolar. Desta forma, a importância desse estudo vem de encontro com uma reflexão sobre os discursos do fracasso escolar e as questões implícitas em tais discursos.
4.1. Tendência Medicalizante
Apesar de não suficientemente aprofundadas, as explicações sobre as raízes do fracasso escolar são reflexos de acontecimentos históricos anteriores.
No entanto, a partir de 30, constituiu-se um movimento
de intelectuais que almejavam reformas educacionais mais concretas. Estes
intelectuais receberam espaço político diante das transformações que ocorriam
nessa época. No âmbito do surto liberal e da movimentação política reformista
que ocorria nos países; a questão do fracasso escolar foi muito estudado e os pressupostos
desta nova pedagogia encontraram terrenos propício a sua divulgação. (PATTO,
1990). As causas do fracasso escolar até então centradas em características
bio-psico-sociais do aluno vão direccionando-se para um novo enfoque, o da
carência cultural escolar.
O que entende por carência cultural escolar?
5.0.
Teorias racistas.
Ao
final do século XVIII, após o triunfo burguês na revolução francesa, começam a
ser formuladas as teorias do determinismo racial. A
questão do fundo da ideologia liberal da época era a questão da igualdade.
Contudo, a construção de uma sociedade igualitária, na realidade, tratava-se
mais de justificar as desigualdades existentes, inerentes ao modo de produção
capitalista, as então desigualdades sociais, que agrediam a concepção de
igualdade de oportunidades, traduzem-se em desigualdades raciais, pessoais e
culturais.
Este panorama é relevante para a
compreensão de como surgem, no Brasil, as considerações a respeito das
diferenças nos rendimentos escolares. Visto que, segundo Maria Helena Souza
Patto, estas se dão num momento em que o país vivia mergulhado num colonialismo
cultural que fazia de nossa cultura, segundo expressão usada por Cunha (1981),
uma cultura reflexa, sobretudo sob a influência da filosofia e da ciência francesas.
(A produção do fracasso escolar, p.30).
Isto
mostra que as desigualdades existentes no campo laboral, vindos do capitalismo
se degeneraram a nível cultural-racial, onde a classe alta pensava que as
outras (inferiores ou com poucas posses não eram importantes muito menos a sua
cultura), isto repercutiram ao nível do sector educacional, em que a maioria,
neste caso, as classes baixas eram marginalizadas.
Entre
1850 e a década de 1930, se deu o ápice de divulgação das ideias racistas.
Do meio científico emanavam
se teses que buscavam atestar as diferenças das raças com base na herança de
carácteres adquiridos. Cientistas afirmavam baseados em explicações
fisiológicas carregadas de preconceitos a superioridade da raça branca, supondo
a estes um maior nível de inteligência. Portanto, considerava-se um equívoco querer colocar
negros e brancos em condições de igualdade de educação, tendo em vista o
suposto intelecto superior destes últimos. Aqui, encontramos o fundamento da nossa tese de marginalização
da classe baixa e negra, esta não era capaz de aprender muito menos de se
desenvolver cientificamente devido ao seu suposto baixo coeficiente de
inteligência, alegado pelos brancos, sem fundamento científico nenhum,
simplesmente assentado em bases de racismo e preconceito. Esta mentalidade influenciou
muito negativamente aos negros que em algum momento chegaram a acreditar que
não eram capazes de ir longe com a escolaridade.
Partindo
desta teoria, no nosso país tivemos situações de negação a educação, em que o
colono dizia que moçambicano só podia aprender, a ler, a escrever e a contar,
limitando se assim, o negro ao descobrimento do mundo cientifico. Prova disto
eram as escolas para os filhos dos brancos e para os indígenas.
O racismo, que por vezes foi utilizado como justificativa para conquista de
outros povos pelas sociedades industriais capitalistas, teve o mesmo
significado nas lutas de classes. Nas mãos das minorias de elite, funcionavam
como armas na tentativa de justificar as diferenças entre classes, obviamente
pela superioridade da raça ariana, principalmente nos países cuja linha
divisória das classes sociais coincidia com a linha divisória das raças.
Durante
muito tempo alguns cientistas mantiveram a postura de estar dando embaçamento
científico para ideias racistas já disseminadas no seio das sociedades. E,
mesmo aqueles que não possuíam este objectivo acabaram-no fazendo,
evidentemente de maneira indirecta, a exemplo da teoria evolucionista de
Darwin. Que acabou sendo alvo de uma leitura racista que deu origem ao
darwinismo social. Que supunha, inspirado na teoria darwinista da selecção
natural, a existência também de uma selecção dos mais aptos à nível do universo
social.
As ciências que se oficializam a partir
desta época, tais como a Sociologia a Antropologia e a Psicologia, em sua maneira
de conceber a vida social, emergiam das camadas dominantes, a quais, era
vantajoso a manutenção das sociedades de classes, e acabaram actuando como
legitimadoras das desigualdades sociais. O que pode ser evidenciado pela
influência do etnocentrismo europeu nas ciências que surgem no final do século
XIX e primeiras décadas do século XX.
Ø Em
que consiste a teoria racista?
Ø Que
impacto teve esta teoria no âmbito educacional?
6.0.
Contribuições da
Psicologia Diferencial na provação da inteligência hereditária.
Apesar de o marco do surgimento da
psicologia científica ter sido a fundação do laboratório experimental de Wundt, é o nome de Sir Francis
Galton que aparece nos manuais de psicologia diferencial. Seu objectivo principal
era medir a capacidade intelectual e comprovar sua determinação hereditária, o
que serviu muito bem aos propósitos desta ciência que se propunha investigar
quantitativa e objectivamente as diferenças existentes entre indivíduos e
grupos.
Adepto da teoria de Darwin, Galton
transpôs os princípios evolucionistas da variação, selecção e adaptação para o
estudo das capacidades humanas. Propunha-se a demonstrar que as aptidões naturais humanas são herdadas,
da mesma forma que os aspectos físico-orgânicos. Com o intuito de
estimar o nível intelectual dos indivíduos, se propôs a mensurar os processos
sensoriais e motores, e acabou se tornando o precursor dos testes psicológicos.
Uma
das crenças que permeavam o século XIX era a de que a classe média estaria livremente
aberta a todos. Portanto, aqueles que não conseguiam alcançar uma ascensão
social eram tidos como incapazes, reflexo de sua falta de inteligência, de
força moral ou de energia, justificadas por uma herança racial.
Pois, no âmbito da ideologia de uma suposta igualdade de oportunidades
(característica das sociedades de classes), fazia-se necessária uma comprovação
científica. Para tal, era de crucial importância a preocupação com a
identificação das diferenças, tais como:
Ø As
individuais;
Ø As
normais e anormais:
Ø Os
aptos e inaptos.
Galton foi também o fundador da Eugenia,
ciência que se propunha gerenciar a evolução da espécie humana, aperfeiçoando-a
através do cruzamento de indivíduos supostamente ideais, seleccionados para
este fim. Contudo, Galton manteve-se cauteloso quanto a prescrição de medidas
eugênicas, pois reconhecia o estado ainda precário dos conhecimentos relativos
à hereditariedade.
Como opinião do grupo, com este trecho
concluímos que a classe capitalista contribui muito para a perpetuação do
fracasso escolar, visto que a tese de que os negros tinham baixa inteligência
foi descartada com os estudos de Galton, o que queria dizer que os negros
estimulados podiam ser capazes de aprender ao mesmo nível que os brancos e que
podiam sobressair na vida. E esta motivação devia ter levado muitos indivíduos
a estudar e a esforçarem ainda mais o que iria dar como saldo um número elevado
de pessoas com formação.
ü Quais
as principais contribuições da Psicologia diferencial para a educação.
ü Será
que é verdade que os negros tinham baixa inteligência?
7.0.Teoria da Carência Cultural
A teoria da carência cultural surgiu e desenvolveu-se
nos Estados Unidos, durante a década de sessenta. Em seguida, expandiu-se para
os países da Europa e da América Latina, sendo Brasil um dos países que teve
uma forte repercussão desta teoria conforme fala Maria Helena Patto.
Quanto ao fracasso escolar, constatou-se que estava directamente
ligado a privação cultural do qual sofria o educando, tendo sido propagado com
maior intensidade no Brasil na década de sessenta.
Os estudos e
pesquisas voltam-se, então, para a explicação de que os factores sócio-culturais
seriam fortes influências nas características físicas, perceptivo-motoras,
cognitivas e emocionais de cada indivíduo, segundo (Patto 1990).
Essa teoria também procura encontrar soluções para
remediar os males educacionais. O enfoque de tais programas era centrado na
recuperação do ambiente não favorecido á criança na primeira infância. Daí o
ensino infantil ser o alvo principal da educação compensatória. No entanto, as
taxas de repelência e evasão continuavam efectivas dentro do quadro do ensino
brasileiro, chegando a 56% na passagem da 1ª para a 2ª série em 1977, segundo
os dados do Ministério Educação e Cultura.
A partir dessa realidade, nota-se que os programas de
educação compensatória não estavam por dar conta do fracasso escolar, mas agravavam
mais a situação. Portanto, a teoria da Carência Cultural, apesar de ter
enfatizado as causas do fracasso escolar provindas do educando, acabou por
negar-se a si mesma. Uma vez que suas experiências depararam-se com resultados
insuficientes. Ao nosso ponto de vista esta teoria errou o alvo, ao evocar as
questões culturais das crianças como as causas do fracasso escolar, porque
biologicamente os indivíduos tem as mesmas características e pressupostos
(tanto brancos e negros).
ü Qual o foco
desta teoria?
8.0. Teorias
Crítico-Reprodutivistas.
As teorias
críticas reprodutivistas inseriram-se no meio educacional brasileiro através
das ideias de vários autores, tais como Althusser (1974), Bernstein (1977),
Bourdieu e Passeron (1975) e outros. As ideias propaladas por esses
autores possuem como preocupação central a problemática das escolas serem nada
mais, do que o meio onde se reproduzem as relações de poder vigentes na
sociedade. Assim, a escola, apresenta-se como reflexo da sociedade capitalista.
Um espaço cultural, onde os alunos são seleccionados e treinados para um
desempenho adequado no trabalho. Desta forma, as causas do fracasso escolar,
que antes eram procuradas fora do sistema escolar, agora se voltam para um
enfoque onde os factores
intra-escolares prevalecem como causadores desse mesmo insucesso.
No entanto, apesar de sua importância, a teoria crítico reprodutivista, não contemplava, em sua totalidade, alguns aspectos fundamentais. Desta forma, o discurso de que dificilmente as crianças pobres poderiam apropriar-se dos conhecimentos, ainda permanecia implícito nas pesquisas. A abordagem de Patto (1990), visa demonstrar que o ser humano não está totalmente a mercê de um destino pré determinado, como colocaram as teorias reprodutivistas. O autor demonstra sua tendência a crença de que, no espaço escolar, ainda é possível acontecer revoluções, dizendo : Mas onde quer que existam relações de poder, existe a possibilidade de questioná-las e trabalhá-las.
No entanto, apesar de sua importância, a teoria crítico reprodutivista, não contemplava, em sua totalidade, alguns aspectos fundamentais. Desta forma, o discurso de que dificilmente as crianças pobres poderiam apropriar-se dos conhecimentos, ainda permanecia implícito nas pesquisas. A abordagem de Patto (1990), visa demonstrar que o ser humano não está totalmente a mercê de um destino pré determinado, como colocaram as teorias reprodutivistas. O autor demonstra sua tendência a crença de que, no espaço escolar, ainda é possível acontecer revoluções, dizendo : Mas onde quer que existam relações de poder, existe a possibilidade de questioná-las e trabalhá-las.
Portanto, o que
se encontra nas pesquisas mais recentes sobre o fracasso escolar visto pela
óptica da psicologia, é o encontro necessário desse campo de pesquisa com a
sociologia. Assim sendo, a esperança de que existam instrumentos dentro do
âmbito escolar que possibilitarão a superação do fracasso, torna viável uma
nova teoria, que certamente, trilhará caminhos ainda desconhecidos.
Tomemos como ponto de partida a época Medieval. Quando, de início, a educação
era reservada apenas para um pequeno número de clérigos. Com o tempo, passa a
ser ministrada para o povo, em locais públicos, como nas igrejas ou em suas
portas, nas ruas ou nas praças. Não existia uma preocupação com o ambiente escolar
e as turmas eram mistas, pois julgava-se que o que era realmente relevante
seria a matéria dada e não as características dos alunos. Até mesmo porque, não
existia a distinção do que seria um adulto, o indivíduo passava directamente da
infância para a fase adulta sem que houvesse uma etapa de transição. Portanto,
podia-se encontrar, em uma mesma turma, crianças de 6 anos muito mais avançadas
no processo de aprendizagem, e, jovens de 20 anos, ou mais, ainda aprendendo o
Donat (gramática rudimentar) características de uma sociedade com grande
liberdade de costumes.
Na sociedade antiga, a criança ao
ingressar na escola ingressa, também, no mundo dos adultos pensamento que irá
resistir até o final da Idade Média. Ao contrário da modernidade, quando haverá
na educação uma grande preocupação de separar as crianças, no período de
formação moral (ou intelectual), da sociedade dos adultos. Contudo, ainda na
época medieval, é importante ressaltarmos a existência dos contratos de
aprendizagem, que estipulavam, pelos pais, o grau de aprendizagem que seria
oferecido a seus filhos. Estes seriam confiados aos clérigos, que lhes dariam abrigo,
única forma de internato conhecida na época. Os outros estudantes viviam como
podiam, muitos em espécies de pensões, misturados meninos e velhos, todos em um
mesmo quarto.
9.0. Fracasso escolar.
O fracasso
escolar pode ser compreendido, num primeiro momento, como algo vinculado a
auto-estima no processo de aprendizagem, algo que inviabiliza a capacidade de
um ou mais indivíduos de aprender, de acreditar e sentir-se digno de que pode
apropriar-se do conhecimento. Ao falar de fracasso escolar, é
importante observar quando as dificuldades de aprendizagem vêm encobrir a
fragilidade da escola, centrando no aluno todo insucesso de sua não aprendizagem. A falta de conhecimento didáctico
do corpo docente está na raiz do fracasso escolar.
As principais
causas do fracasso escolar são oriundas, em sua maior parte, dos sistemas de
ensino que não conseguem atender às diversidades de necessidades presentes nas
escolas, deixando de identificar onde se localizam as inadaptações à
aprendizagem, e levar o aluno a descobrir sua própria modalidade de
aprendizagem, considerando como ponto crucial seu modo particular de se
relacionar com o conhecimento, ou seja, a aprendizagem escolar. O fracasso
escolar também pode ocorrer dependendo do contexto familiar, cultural, social e
político que o indivíduo possa estar inserido.
Se um aluno mora numa família tumultuada, está claro
que a sua progressão escolar vai ser deficitária. Uma criança inserida num meio
que não favorece para aprendizagem, é obvio que tem mais chances de fracassar.
O ambiente político tenso como pode ser o caso do país em guerra pode
contribuir para o fracasso escolar, bem como os próprios pressupostos
biológicos que devem estar lá para que o indivíduo tenha sucesso, juntando a
isto tudo o seu próprio esforço e das pessoas ao seu redor. Em suma, são vários
factores que contribuem para o insucesso escolar, e que para a inversão da
situação devem ser observados com toda a atenção necessária para que o ambiente
educacional seja favorável para o sucesso dos educandos.
ü Quais
as principais causas do fracasso escolar aqui patentes?
11.0. Referência
bibliográfica.
GURGEL, Thaís. A
origem do sucesso (e do fracasso) escolar. Disponível em http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-inicial/origem-sucesso-fracasso-escolar-419845.shtml,
2010.
PATTO, M.H.S. A
produção do fracasso escolar : histórias de submissão e rebeldia. São
Paulo: T.A Queiroz, 1990.
LAKATOS. E, Maria, MARCONI. M, de Andrade, Sociologia Geral, Editora AT, 7ª ed, SP,
2006.
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