terça-feira, 13 de novembro de 2018

A CONSTITUIÇÃO DE 1990 E O MULTIPARTIDARISMO EM MOÇAMBIQUE.


A CONSTITUIÇÃO DE 1990 E O MULTIPARTIDARISMO EM MOÇAMBIQUE.
HELFAS SAMUEL-Licenciando em ensino basico com habilitacoes em supervisao e inpecao escolar-Universidade Pedagogica-Gaza (Contactos: 842849771/863498270) email: helfas16cumbane@gmail.com, facebbock: Helfas Samuel.











/Freelancer de Conteúdos/
A CONSTITUIÇÃO DE 1990 E O MULTIPARTIDARISMO EM MOÇAMBIQUE.
O multipartidarismo em Moçambique, foi introduzido no início dos anos 1990, com a adopção de uma nova constituição pluralista que consagrava a liberdade de associação, o que veio a ser fundamentado com aprovação da lei 7/91, a assinatura dos Acordos Gerais de Paz (AGP) estabeleceram as condições para o estabelecimento da democracia multipartidária, no país.
Nesta visão, o nosso trabalho objectiva-se de forma geral a analisar a constituição de 1990 e o multipartidarismo em Moçambique, de forma específica iremos definir o conceito multipartidarismo, não só, iremos contextualiza o termo multipartidarismo no contexto moçambicano, e descrever a implementação do processo multipartidário em Moçambique.
Em termos estruturais o nosso trabalho apresenta, introdução, referencial teórico, conclusão e bibliografia.
Para a materialização do presente trabalho cingiu-se em método de consulta bibliográfica que consistiu na leitura e interpretação de diferentes obras que abordam sobre a temática ligada a matéria em cláusula.”.





1.1.1.Objectivos específicos
1.1.2.Objectivos específicos
  • Definir alguns conceitos chaves;
  • Contextualizar o multipartidarismo na realida moçambicana;
  • Descrever o processo de implementação do multipartidarismo em Moçambique;
Para a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que possuímos, iremos usar a pesquisa bibliográfica, onde vamos trazer interpretações sólidas e fundamentadas por diferentes autores de destaque que debruçaram-se sobre o tema em alusão e também recorremos a pesquisa documental, para recolher informações em diversos relatórios, monografias e teses de doutoramento.









  • Multipartidário
Na visão de Duverger citado por Oliveira e Duailibe (2010) o multipartidário é aquele em que se caracteriza pela presença de três ou mais partidos políticos num contexto de disputa da pelo poder num determinado sistema eleitoral.
Neste caso o multipartidarismo é o cenário onde as diversas percepções dos vários grupos sociais são canalizadas, defendidas pelos partidos políticos e existem garantias constitucionais para que a luta, manutenção do poder e exercício do poder.
Nesta constituição, a administração é composto por um presidente, primeiro-ministro e do conselho de ministro, (como actual). E o sistema judiciário é composto por um Tribunal Supremo e provinciais, distritos e de tribunais municipais.
A primeira Constituição de Moçambique entrou em vigor em simultâneo com a proclamação da independência nacional em 25 de Junho de 1975. Nesta altura, a competência para proceder a revisão constitucional fora atribuída ao Comité Central da Frelimo até a criação da Assembleia com poderes constituintes, que ocorreu em 1978. Considerando a importância da constituição como a “lei-mãe” do Estado moçambicano, e daí a necessidade do seu conhecimento pelos cidadãos, de seguida é feita uma breve menção sobre a evolução constitucional de Moçambique (BRITO, 2010).
 Na visão de Mazula (2010) A revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito profundas em praticamente todos os campos da vida do País. Estas mudanças que já começavam a manifestar-se na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984, encontram a sua concretização formal com a nova Constituição aprovada. Alguns aspectos referentes as alterações pode-se citar:
  • Introdução de um sistema multipartidário na arena política, deixando o partido Frelimo de ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na conquista da independência;
  • Inserção de regras básicas da democracia representativa e da democracia participativa e o reconhecimento do papel dos partidos políticos;
  • Na área económica, o Estado abandona a sua anterior função basicamente intervencionista e gestora, para dar lugar a uma função mais reguladora e controladora (previsão de mecanismos da economia de mercado e pluralismo de sectores de propriedade);
  • Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e mecanismos de responsabilização;
  • Várias mudanças ocorreram nos órgãos do Estado, passam a estar melhor definidas as funções e competências de cada órgão, a forma como são eleitos ou nomeados;
  •  Preocupação com a garantia da constitucionalidade e da legalidade e consequente criação do Conselho Constitucional; entre outras.
A CRM de 1990 sofreu três alterações pontuais, designadamente: duas em 199211 e uma em 199612. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de se introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da Constituição, verificandos e desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos locais com competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do princípio da unidade do poder).
Com a independência de Moçambique em 1975 proclamada pela FRELIMO, movimento que esteve na luta contra o colonialismo português, tendo esta adoptado uma constituição na qual definia o seu papel como força da liderança do Estado, bem como assegurava a legitimação do regime de partido único, eliminando deste modo qualquer forma de pluralismo social, Lala & Ostheimer (2003). Ainda a este respeito Brito (2009), ressalva que “ beneficiando de um prestígio e apoio quase unânime no seio da população moçambicana por altura da independência, a FRELIMO, levou ate as últimas consequências a lógica do partido único, preocupando – se em eliminar todas as formas de organização politica ou social autónomas”.
Portanto, o facto de a FRELIMO ter sido a única força representante do povo moçambicano na luta pela independência nacional e nas negociações com o governo português, após o golpe de Estado ocorrido em Portugal no dia 25 de Abril de 1974, conferiu credibilidade e legitimidade no acesso ao poder no país independente.
Tendo esta posteriormente desencadeada uma série de reformas políticas, sociais e económicas, que transformaram o status quo nacional, e conduziram o país a várias crises que fertilizaram o terreno para a eclosão de uma guerra civil, envolvendo o governo da FRELIMO e a RENAMO.
Segundo, Lundin (1995), com a independência, a FRELIMO escolhe para Moçambique uma via de desenvolvimento rumo ao socialismo, seguindo a política do bloco que maioritariamente a apoiou durante a luta de libertação a escolha do modelo e as práticas inerentes ao mesmo alienaram moçambicanos. Retirou – se do processo indivíduos e grupos que defendiam outras ideias, um estilo de vida diferente, de tudo que se propunha. Isto criou bases para que o processo de desenvolvimento se tornasse vulneráveis as penetrações, que o inviabilizaram levando o País à pobreza, ao conflito entre grupos e sectores sociais, e finalmente, à guerra, Ibid.
Para Brito (2009), foi nesse contexto de tentativa de construção de um poder político monopartidario, de crise económica interna e confrontação política regional que surge a RENAMO logo depois da independência serviu de expressão interna de clivagens e conflitos sociais, acrescentando ao conflito uma dimensão de guerra civil, particularmente nas zonas centro e norte do país.
É neste cenário mudanças de cariz institucionais e politicas foram implementadas reformas, com vista a acomodar o país à nova realidade em que se encontrava, tendo se com isso se rompido com os fundamentos do monopartidarismo. Para Tolenare (2006), a constituição da república de Moçambique de 1990 criou a base legal para as eleições multipartidárias, liberdade de associação e a formação de partidos políticos.
A aprovação da lei 7/91, dos partidos políticos, que estabelece o quadro jurídico para a formação e actividade dos partidos políticos, veio adequar a nova realidade em que o país se encontrava, uma vez que a constituição de 1990 consagrava o pluralismo político, o estado de direito democrático. Na visão de Brito (2010), este processo estava também relacionado com os esforços de negociação com a Renamo, mas só iriam produzir frutos com o acordo geral de paz assinado em Roma em 1992. O AGP ao estabelecer a paz e as regras de incorporação da Renamo na sociedade moçambicana, significou a possibilidade prática de aplicar os novos princípios constitucionais nomeadamente a realização de eleições multipartidárias e nesse sentido foi um avanço sem precedentes para a possibilidade de construção de uma sociedade democrática pluralista, Ibid.
O multipartidarismo é um fenómeno bastante recente em Moçambique. De 1975 até a adopção da Constituição de 1990, a Frelimo, o movimento que liderou a luta pela independência, dirigiu o país num sistema de partido único. São dois os elementos principais que explicam o fim do regime monopartidário, que vigorava em Moçambique desde a independência (1975). Em primeiro lugar, o contexto internacional, marcado pelo desmoronamento do bloco soviético a partir de 1989 e um clima desfavorável aos regimes monopartidários de inspiração comunista e, em segundo lugar, o contexto interno do país, marcado por uma guerra civil sem solução militar à vista e por uma situação económica de profunda crise.
Com a Constituição de 1990, ficou aberto o espaço político, mas este processo só adquiriu verdadeiro conteúdo após a celebração do Acordo Geral de Paz em 1992, altura em que a Renamo foi reconhecida como movimento legítimo e se iniciaram os preparativos para as primeiras eleições multipartidárias. Ao fim de quatro eleições gerais, ficou claro que o sistema político Moçambicano se caracteriza por uma bipolarização, ou seja, o Bipartidarismo em torno dos dois partidos - Frelimo e Renamo - apesar de ser cada vez maior o domínio da cena política por parte da Frelimo (Mazula, 2000).
A abertura do sistema político moçambicano ao multipartidarismo provocou a formação de um grande número de partidos políticos. No entanto, como as eleições de 1994 o confirmaram, apenas a Frelimo e a Renamo seriam capazes de se afirmar como forças políticas importantes, dispondo de um eleitorado significativo. É assim que, apesar dum sistema eleitoral baseado na representação
O Multipartidarismo, na sua essência, significa uma maior representação de partidos políticos na Assembleia da República. Não sendo o caso em Moçambique, prefirimos designar de Bipartidarismo, na medida em que sao apenas dois (2) grandes partidos (Frelimo e Renamo) que, para além de terem maior representatividade no parlamento, dominam a arena politica do país, pondo em causa, deste modo, o Multipardarismo preconizado na Constituição de 1990. O cenário político que se faz sentir em Moçambique, de acordo com os factos político-ideológicos decorrentes do dia-a-dia, permitem-nos afirmar com significatica segurança que na verdade estamos perante o Bipartidarismo. Em nossa análise, não basta so existir muitos partidos políticos que, no entanto, não têm assentos no parlamento, pois há minorias que possuindo simpatias manifestas através de votos, por esses partidos considerados pequenos, gostariam de estar representados no parlamento, apesar de muito recentemente o MDM conseguir, em número insignificante, assentos na Assembleia da República.
Na visão de brito (2010) a ideia de path dependent trazida pelo institucionalismo histórico de Hall e Taylor (1996), explica a crise do multipartidarismo, na medida em que ela olha para a trajectória que o país percorreu e as implicações da mesma nas escolhas futuras. Partindo deste pressuposto podemos afirmar que o país e o regime da Frelimo herdaram as práticas e as estruturas do regime colonial que era caracterizado por um centralismo politico e governativo, facto que foi transportado para a época pós – colonial.
Na mesma ordem de ideias o processo de transição democrática e a construção das instituições democráticas conduzido pela Frelimo e a Renamo, ditou a configuração actual do campo político moçambicano, tal como Brito (2010), demonstra o facto de as negociações e o processo de transição política até às eleições terem sido conduzidos apenas pelas duas partes beligerantes, cada uma delas preocupada em garantir o máximo de vantagens para si própria, significou também uma polarização do espaço político nascente à sua volta. Num certo sentido, pode-se dizer que a democracia foi confiscada por estes dois partidos, não tendo havido um ambiente favorável à expressão de outras forças e interesses provenientes da sociedade civil, Ibid.
A construção do processo democrático foi moldado com vista a acomodação da Renamo no novo contexto politico, dai que a exclusão dos partidos “não armados” de origem não armada e não com vista a promoção de uma sociedade democrática pluralista. Ora vejamos o facto da realização do quadro institucional que orientou a realização das primeiras eleições, foi marcado pela exclusão de outros partidos políticos, como revelam Lalá e Ostheimer (2003), “Os denominados partidos não armados, criados a partir de 1990, tiveram poucas oportunidades para influenciar e moldar o processo de transição, conforme demonstrou a conferência multipartidária para a preparação do projecto de lei eleitoral. A oposição, sentindo-se excluída, assumiu que qualquer acção política desencadeada pela Frelimo visava somente o seu próprio, Ibid.
Este facto acentua – se pelo facto dos partidos “não armados” enfrentarem dificuldades inerentes ao seu próprio funcionamento, o que leva ao seu desaparecimento em períodos não eleitorais, acentuando deste modo a bipolarização da cena política no que diz respeito á produção e defesa de ideologias. O que se verifica é que o facto de a Frelimo ter sido o condutor da Máquina do Estatal desde a independência o posicionou – se de uma forma privilegiada na preparação do processo transitório para a democracia, tendo este preparado as suas formas de acomodação no novo contexto politico, que se aproximava não abrindo espaço e nem deixando condições para que pudesse enfrentar forte concorrência e nem para perda do poder.
Uma observação trazida por Weimer apud Sitoe et al (2005), respectiva a democracia moçambicana, é que “o cenário em que os fundamentos de uma democracia real e cultura democrática tem sido negligenciadas permitindo assim espaço para o cenário de cooptação, que caracteriza – se pela centralização e concentração do poder. Esta característica da democracia moçambicana à luz do path dependent é explicado pelo facto de o Estado após a independência ter sido orientado seguindo se a lógica do partido único constituiu um alicerce que foi transportado para o período pós – transição, o facto de a Frelimo controlar os recursos do Estado implicou o transporte das formas de funcionamento das instituições democráticas. O facto de este ter se afirmado como um partido dominante, mediante a utilização das práticas do clientelismo, nepotismos e a aproximação aos seguimentos sociais a nível local, tem reduzido o espaço de actuação dos outros partidos e a Renamo, cada vez mais tem revelado a falta de capacidade de adaptação face aos desafios colocados face ao novo contexto.









A abertura do sistema político moçambicano ao multipartidarismo provocou a formação de um grande número de partidos políticos. No entanto, como as eleições de 1994 o confirmaram, apenas a Frelimo e a Renamo seriam capazes de se afirmar como forças políticas importantes, dispondo de um eleitorado significativo. É assim que, apesar dum sistema eleitoral baseado na representação proporcional, Moçambique conhece desde essa altura um sistema bipartidário de facto.
O processo de inclusão política que tinha sido iniciado com o Acordo Geral de Paz foi interrompido após as primeiras eleições. Com efeito, ao obter uma maioria absoluta no parlamento, a Frelimo optou por governar só e rejeitou as pressões que na altura se faziam sentir no sentido de formar um governo de unidade nacional, à semelhança do que tinha feito o ANC na vizinha África do Sul. Deste modo, o sistema multipartidário implantado no país manifesta-se apenas em circunstâncias formal e teórica, no sentido de que, na prática, reina o bipartidarismo onde a Frelimo e a Renamo são os protagonistas, estando na periferia política os chamados pequenos partidos ou partidos emergentes (PDD, PIMO, MDM,).
O Multipartidarismo, na sua essência, significa uma maior representação de partidos políticos na Assembleia da República. Não sendo o caso em Moçambique, prefirimos designar de Bipartidarismo, na medida em que sao apenas dois (2) grandes partidos (Frelimo e Renamo) que, para além de terem maior representatividade no parlamento, dominam a arena politica do país, pondo em causa, deste modo, o Multipardarismo preconizado na Constituição de 1990.
O cenário político que se faz sentir em Moçambique, de acordo com os factos político-ideológicos decorrentes do dia-a-dia, permitem-nos afirmar com significatica segurança que na verdade estamos perante o Bipartidarismo. Em nossa análise, não basta so existir muitos partidos políticos que, no entanto, não têm assentos no parlamento, pois há minorias que possuindo simpatias manifestas através de votos, por esses partidos considerados pequenos, gostariam de estar representados no parlamento, apesar de muito recentemente o MDM conseguir, em número insignificante, assentos na Assembleia da República.

Þ    BRITO, Luís de. Sistema eleitoral uma dimensão critica da representação politica em Moçambique, in in Carlos N. C. Branco, S. Chichava, l. Brito, a. Francisco (org), Desafios para Moçambique, 2010, Maputo, IESE, 2010
Þ    MAZULA, B. A construcao da democracia em África: o caso de Moçambique. Maputo, 2000.
Þ     NUVUNGA, Adriano. Multiparty Democracy in Mozambique: strengths, weaknesses and challenges . EISA, Research Report No. 04, 2005
"Por vezes nao vemos grandes oportunidades porque elas estao ao nosso lado" Helfas (2017)

sábado, 12 de maio de 2018

TIPOLOGIAS DE LITERATURA POPULAR: O MITO, A LENDA E CONTO POPULAR


TIPOLOGIAS DE LITERATURA POPULAR: O MITO, A LENDA E CONTO POPULAR

HELFAS SAMUEL-Licenciando em ensino basico com habilitacoes em supervisao e inpecao escolar-Universidade Pedagogica-Gaza (Contactos: 842849771/863498270) email: helfas16cumbane@gmail.com, facebbock: Helfas Samuel.







/LITERATURA INFANTO-JUVENIL/

0.INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema “ Tipologias de literatura popular: o mito, a lenda e conto popular ” o qual sua investigação foi feita em grupo constituído por estudantes do curso de Ensino Básico, 4º ano na Universidade Pedagógica, Delegação de Gaza.
Este trabalho visa trazer uma compreensão sobre as tipologias de literatura popular. De forma específica vamos definir alguns conceitos chaves, explicar as características de cada tipo, também vamos detalhar outros aspetos importantes alusivos ao tema.
O mesmo resulta de certa forma de um empenho do grupo na recolha de informações relativas ao tema em diversas obras, artigos, teses em relatórios, os quais constam na bibliografia do mesmo e também, foram aspetos fundamentais, os conhecimentos adquiridos nos níveis anteriores sobre esta temática.
O trabalho está organizado em quatro partes, nomeadamente a introdução, onde de forma objetiva apresentaremos o que pretendemos investigar, a parte de apresentação responsável confrontação de teorias e resumo da matéria em estudo, a conclusão, onde de forma mais sintética traremos as ideias inessenciais da nossa investigação e referências bibliográficas, para alistamento das obras usadas na produção do trabalho.


0.1. OBJECTIVOS DO TRABALHO

0.1.1. Objectivo Geral

·         Compreender as tipologias de literatura popular (o mito, a lenda e conto popular)

0.1.2. Objectivo específicos

·         Conceituar mito, lenda e conto popular;
·         Descrever os aspetos característicos do mito, lenda e conto popular;
·         Esboçar um quadro comparativo do mito, lenda e conto popular.
·         Descrever a importância do mito, lenda e conto popular para o Ensino Básico;

0.2.METODOLOGIA

Para a elaboração do presente trabalho para além dos conhecimentos práticos que possuímos, recorremos a pesquisa bibliográfica que consistiu nas interpretações sólidas e fundamentadas por diferentes autores de destaque que debruçaram-se sobre o tema em alusão e também recorremos a pesquisa documental, para recolher informações em diversos relatórios, monografias e teses de doutoramento.

0.3. Justificativa

A escolha deste tema não foi a desejo do grupo, mas sim enquadra-se no âmbito estratégico de interação entre estudantes e docentes, que faz parte também do método de ensino e aprendizagem. Para além disso, deve-se ao cumprimento do plano curricular da cadeira de Filosofia Política onde este tema faz parte. (HELFAS, 2018)

1.      REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1.Conceitualização

Antes de reflectir sobre a temática do nosso trabalho é pertinente, antes de qualquer outra abordagem, uma clarificação dos conceitos de “literatura popular”, “mito” “lenda e de “Conto popular”. Esta clarificação é essencial, pois a diversidade de conceitos que gravitam em torno do campo literário é complexa. (VITOR citando AZEVEDO, 2003)
Para Guerreiro (1983) Literatura popular é a designação corrente e simplificada de literatura oral tradicional ou literatura popular de tradição oral, isto é, todo o conjunto de formas simples da arte verbal do povo.
Mito
Strauss, (1976) entende-se como uma verdade absoluta, merecedor de crença profunda e a veneração, que serve como explicações da origem do homem, do mundo e dos fenómenos da natureza, do desconhecido, do inexplicável.
Machado (1999) Mito é um conjunto fechado de conhecimento, capaz de ordenar e dar significação a realidades do meio, importantes e prioritárias para o homem.
Para Cruz “os mitos são definidos como uma explicação dos fatos atuais através de acontecimentos primordiais, que se encontram sempre presentes, sendo que, pelo rito, se faz a ligação do atual ao primordial. Deste modo, os mitos, ao se referirem aos acontecimentos primordiais, estão nos trazendo uma explicação do atual, pois esses acontecimento ocorrem em determinados espaços e tempos sagrados. Essa referência a um contexto transcendente valida o espaço e o tempo profanos, dando sentido à quotidianidade.
Comungando os tres  conceitos, percebe-se  mito como  narrativa utilizada pelos povos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da natureza que não eram compreendidos por eles
Lenda
Na óptica de Helfas citando Freitas (2003) lenda é uma ideia de  falsidade,  algo  irreal,  inventado  ou  sem  comprovação,  alvo  de  um  uso pejorativo para designar crenças sem fundamento.
Parafraseando a ideia do autor entende lenda como conjunto de narrativas transmitidas oralmente pelas pessoas com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais.
Conto popular
Segundo Leal (1985) “O conto popular é uma expressão que pertence a este contexto de sonho e fantasia, de magia e de mistério; ele é parte da fala do povo, um canto harmonioso dirigido ao mistério das coisas
Azevedo (2003) Os contos populares são narrativas que pretendem contar uma história de interesse geral, que aborde temas de identificação imediata, por meio de uma linguagem familiar e acessível.
Estes, dois conceitos levam-nos a perceber que conto popular constitui conjuntos de historias marcadas pela cultura pois abordam temas interessantes, que abrem espaço para a interpretação de experiencia de vida.



               







1.2.Mito

1.2.1.Evolução

Originalmente, um mito era entendido como uma verdade absoluta, merecedor de crença profunda e a veneração. Serviam como explicações da origem do homem, do mundo e dos fenómenos da natureza, do desconhecido, do inexplicável (STRAUSS, 1976)
Desde as sociedades humanas primitivas a aos nossos dias, acompanhando a evolução do conhecimento científico, a ideia de mito foi perdendo o seu valor original e passou a ser usado para designar uma história falsa, fantasiosa, inventada, irreal.
É frequente usar-se a expressão isso é um mito! para classificarmos de falso, pouco credível um determinado acontecimento ou facto, ou quando o pretendemos desvalorizar e depreciar. Atualmente, também é comum utilizar-se o conceito de mito para designar ícones da cultura de massas, sejam personalidades desportivas, da música, do cinema ou da política.
Esta polissemia do mito não pode ser ignorada, pois incorpora em si mesma, um certo preconceito ou visão pejorativa do próprio conceito bastante enraizada nas sociedades contemporâneas e que pode contaminar de forma comprometedora a sua utilização no processo de construção do conhecimento na sociedade.
Mas,   Marinho (2011) aproximamo-nos da sua  posição de que o mito possui diversas interpretações e que cada uma delas é, à sua maneira, verdadeira

1.2.2.Características

Os mitos utilizam muita simbologia, personagens sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não havia explicado.sinteticamente o mito apresenta as seguintes caracteristicas:
·         Tem caráter explicativo ou simbólico e relaciona-se com uma data ou com uma religião;
·         Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens sobrenaturais como deuses ou semi-deuses;
·         Explica a realidade através de suas histórias sagradas, que não possuem nenhum tipo de embasamento para serem aceitas como verdades;
·         Alguns fatos históricos podem se tornar mitos, desde que as pessoas de determinada cultura agreguem uma simbologia que tornem o fato relevante para as suas vidas;
·         Todas as culturas possuem seus mitos. Alguns assuntos, como a criação do mundo, são bases para vários mitos diferentes.

1.2.3.Tipos de mitos

Para Helfas apud Klacewicz (2009) no seu trabalho Lendas, mitos e história: estudo sobre as narrativas polonesas e gregas, divide os mitos em:

Tipologia de mitos segundo Klacewicz (2009)
Teogónicos
Origem dos deuses
Cosmogónicos
Origem e evolução da Terra
Astronómicos
Origem e atuação do mundo astral
Culturais
Origem dos seres e explicação de uma prática, uma crença, uma instituição
Naturais
Fenómenos físicos
Etiológicos6
Origem das  coisas, os  acontecimentos primordiais em  consequência dos quais o
homem se converteu no que é hoje. O mito fundador, comum na cultura grega e na religiosidade, estabelece leis para as relações entre humanos e divindades; justifica mudanças de ordem social, política ou moral e exe uma ligação da narrativa com a história factual, como por exemplo a história de Rómulo e Remo, que fundaram Roma.

1.2.4.Importancia

Os mitos servem, assim, de modelo e de referência para toda as atividades humanas e possuem uma dimensão de eficácia, na medida em que através do rito, eles têm uma espécie de âmbito gico que produz resultados. Admitindo o mundo como oriundo de um caos e de um espaço não organizado, pode-se estabelecer uma analogia entre a formação do cosmos e, por exemplo, o processo de formação de uma cidade, entendida como um microcosmo que imita o mundo.
O mito possui um cacter sagrado que dá sentido às narrativas do tempo primordial e que estabelece a diferença entre o santo e o profano; a verdade e a mentira; o bem e o mal. Os mitos são, portanto, histórias verdadeiras São os mitos que dão sentido à cultura e  à  vida  de  determinados  grupos  sociais, passando a integrar uma realidade total em permanente renovação

1.3.LENDAS

1.3.1.Evolução

Lendas são narrativas transmitidas oralmente pelas pessoas com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Para isso há uma mistura de fatos reais com imaginários. Misturam a história e a fantasia. As lendas vão sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo. Ao se tornarem conhecidas, são registradas na linguagem escrita. Do latim legenda (aquilo que deve ser lido), as lendas inicialmente contavam histórias de santos, mas ao longo do tempo o conceito se transformou em histórias que falam sobre a tradição de um povo e que fazem parte de sua cultura

1.3.2.Características

·         Se utiliza da fantasia ou ficção, misturando-as com a realidade dos fatos.
·         Faz parte da tradição oral, e vem sendo contada através dos tempos.
·         Usam fatos reais e históricos para dar suporte às histórias, mas junto com eles envolvem imaginação para “aumentar um ponto” na realidade.
·         Fazem parte da realidade cultural de todos os povos.
·         Assim como os mitos, fornecem explicações aos fatos que não são explicáveis pela ciência ou pela lógica. Essas explicações, porém, são mais facilmente aceitas, pois apesar de serem fruto da imaginação não são necessariamente sobrenaturais ou fantásticas.
·         Sofrem alterações ao longo do tempo, por serem repassadas oralmente e receberem a impressão e interpretação daqueles que a propagam.

1.3.3.Tipologias de lendas


Tipologia de lendas segundo Dorson (1970)
Pessoais
Ligadas  a  um  indivíduo  conhecido,  herói  ou  vilão.  Podem  ser
subdivididas em heróicas, hagiográficas ou aneticas.
Locais
Vinculadas a uma localidade, falam de rios, lagos, terras, cavernas,
grutas e demais acidentes geogficos.
Episódicas
Contam acontecimentos particulares que interessam à comunidade.
Etiológicas
Descrevem a origem de um animal ou planta.
1.4.CONTO POPULAR

1.4.1.Evolução

O conto passa a ser reconhecido literariamente como género narrativo bastante tardiamente. Mas já no séc. XVI, em França, Perraut reunira alguns contos tradicionais, passando-os às à escrita. No séc. XIX, os Irmãos Grimm, em Inglaterra, ou Teófilo Braga e Almeida Garrett, em Portugal, fizeram o mesmo, publicando muitas histórias que até aí não tinham sido escritas.

1.4.2.Características

Para Leal (1895:12).” o conto popular quatro características fundamentais:
·         Antiguidade: relacionada com a temática dos contos. O conteúdo de um conto, contado numa determinada época em um determinado lugar, pode ter sofrido transformações ao longo do tempo, porém sua essência é a mesma de um conto remoto, contado em época e lugar completamente diferentes.
·         Anonimato de autoria: os contos populares têm como característica o autor anônimo; não se sabe quem foi o “criador” da história, portanto, ela é considerada criação do povo e, então, anônima. Muitos foram os coletores de contos populares ao longo da história; alguns até mesmo modificaram um pouco os relatos que coletaram, porém não são seus criadores.
·         Capacidade de persistir no tempo: segundo o autor, os contos populares seriam codificados numa linguagem simbólica e universal capaz de ser compreendida por homens de todas as épocas e lugares. Isso explicaria sua capacidade de persistir no tempo.
·         Modo de transmissão: os contos populares são transmitidos oralmente, contados ou cantados; os contos são transmitidos de pais para filhos, ao longo das gerações, os contos respeitam rituais de transmissão e possuem complexidade, arte e capacidade de seduzir seus ouvintes.

1.4.3.Importância

·         Abordam temas interessantes, que abrem espaço para a interpretação da experiencia de vida;
·         Por meio destes pode-se pensar em temas que dizem respeito a condição humana vital e concreta, como as buscas do homem, seus conflitos, suas ambiguidades;
·         Todas estas possibilidades podem contribuir para a formação de um leitor, podem ser mobilizadores de discussões instigantes, que estimulam leitores que serão indicadores de textos a outros leitores, formando alunos que não se limitam a decodificar palavras, mas que também sabem ler o mundo e atuar criticamente no meio em que estão inseridos
1.5.DIFERENCIA DE MITO, LENDA E CONTO POPULAR

Mito
Lenda
Conto Popular
Protagonista
Divindades e heróis
Heróis humanos
·         Seres humanos,
·          seres Sobrenaturais e animais
Conteúdo
Cosmogónico ou religioso, simboliza crenças em uma comunidade e os acontecimentos fabulosos que ele narra são tidos como verídicos.
explicar acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais
·         Vivencias do dia-a-dia
·         Costumes
·         Dilemas morais do quotidiano
Tempo
Fora do tempo

Localizado num passado indeterminado
Espaço
Fora do espaço

Geralmente indeterminado

1.6.RELEVÂNCIA DO MITO, LENDA E CONTO POPULAR NO ENSINO BÁSICO

Estas tipologias de literatura popular habilitam, fornecem ferramentas para que o futuro professor possa ser capaz de a partir destes textos ministrar uma aprendizagem significativa.
Na perspetiva de Porto (2006) destaca-se que todo ser humano é capaz de aprender, no entanto, a otimização e aplicação desse saber, necessitam partir do aperfeiçoamento e consolidação de estratégias diferenciadas, inovadora, específicas e não fragmentadas. Assim é essencial que a prática educacional esteja preocupada com a transformação da sociedade e a favor do desenvolvimento cognitivo de todos os seres humanos, neste caso:
A utilização dos mitos, lendas e contos populares em sala de aula colabora para despertar no educando a sua imaginação transportando-os ao mundo da fantasia que então estará sendo criado ao seu redor. O fator de contribuir para que as crianças passem a gostar de ouvir histórias é importante porque ela passa a construir dentro de si novas ideias através de descobertas, de outros lugares e épocas, outras maneiras de agir, além de ter a curiosidade respondida, podendo desta forma elucidar melhor suas próprias dificuldades ou então descobrir um novo caminho para a resolução delas.
O autor acredita que o trabalho realizado com o auxílio dos mitos, lendas e contos populares no processo educacional pode ser infinitamente rico e significativo em todas as séries, pois permite a intercâmbio entre o educador e o educando, bem como, a interação entre os estudantes no momento da contação de história.

2.      CONCLUSÃO

Falar da das tipologias da Literatura popular não é algo simples pois, existem muitos aspetos irresumíveis em um só trabalho, mais por termos especificados em jeito de objetivos a informação que precisávamos foi possível concretizar, visto que os objetivos foram alcançados.
Para um formando do ensino básico, estas tipologias de literatura popular habilitam-no ou fornecem ferramentas para que ele possa ser capaz de a partir destes textos ministrar uma aprendizagem significativa.
A utilização dos mitos, lendas e contos populares em sala de aula colabora para despertar no educando a sua imaginação transportando-os ao mundo da fantasia que então estará sendo criado ao seu redor.
O fator de contribuir para que as crianças passem a gostar de ouvir histórias é importante porque ela passa a construir dentro de si novas ideias através de descobertas, de outros lugares e épocas, outras maneiras de agir, além de ter a curiosidade respondida, podendo desta forma elucidar melhor suas próprias dificuldades ou então descobrir um novo caminho para a resolução delas.



3.      REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

¾    AZEVEDO, Ricardo. Conto popular, literatura e formação de leitores. Revista Releitura, Belo Horizonte. n. 2007.
¾    BRAGA, Teofilo, Contos Tradicionais do Povo Portugues, 6ª ed., Lisboa 2002
¾    FREITAS, Maria; Solé, Maria O uso da narrativa nos Estudos Sociais, In Revista Galeo- Portuguesa de Psicoloxía e Educación, 2003.
¾    GUERREIRO, M.V. – Para a História da Literatura Popular Portuguesa, 2ª ed., Lisboa, Instituto da Cultura e da Língua Portuguesa, 1983.
¾    LEAL, J. C. A natureza do conto popular. Rio de Janeiro: Conquista, 1985.
¾    Machado, José L. O Mito de Viriato na Literatura Portuguesa. Ed.Braga, 1999.

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